Para que a arte brasileira seja compreendida longe de estereótipos, o Museu de Arte Moderna apresenta a mostra Passado/Futuro/Presente.“No senso comum, perdura a associação do Brasil só com cores vibrantes e alegria”, afirma Cauê Alves, que, junto com Vanessa Davidson, selecionou 72 obras. Uma delas é Cartões Portais/Fotografias (acima; 1977), de Anna Bella Geiger, que questiona a exotização de cenas cotidianas de indígenas ao reinterpretá-las com seus amigos e familiares. Alves também destaca outras superficialidades. “Quem conhece um pouco mais de arte ainda reduz o Hélio Oiticica ao Carnaval, por exemplo, ou se limita a conhecer só famosos, como Beatriz Milhazes e Vik Muniz. Nenhum problema na preferência, mas quero ampliar o leque de referências.” São exibidos, então, trabalhos de José Damasceno e Lenora de Barros, entre muitos outros.
Até 21 de abril.
Entrada franca
MAM Museu de Arte Moderna de São Paulo
Parque Do Ibirapuera, s/nº – Próximo ao Portão 3 – Parque Ibirapuera – São Paulo – SP
Tel. (11) 5085-1300
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A volta dos radicais cavaletes de cristal de Lina Bo Bardi à exposição do acervo apresenta uma seleção de 119 obras provenientes de diversas coleções do museu, abrangendo um arco temporal que vai do século 4 A.C. a 2008. Os cavaletes tiveram sua estreia na abertura da atual sede do museu em 1968 e foram removidos em 1996.
Na configuração original da exposição com cavaletes Lina Bo Bardi e Pietro Maria Bardi organizaram as obras por escolas e regiões. Agora, elas serão posicionadas rigorosamente em ordem cronológica, dispostas em uma rota sinuosa, como numa resistência elétrica. Essa organização não coincide com a cronologia da história da arte, com suas escolas e seus movimentos, nem obriga o público a seguir seu percurso. A transparência espacial da planta livre e dos cavaletes convida os visitantes a construir seus próprios caminhos, permitindo justaposições inesperadas e diálogos entre arte asiática, africana, brasileira e europeia. Acervo em transformação é uma exposição semipermanente da coleção, pois continuará aberta a frequentes mudanças, ajustes e modificações, já planejadas para o início de 2016. Assim, a exposição evita a ossificação e a sedimentação típicas de mostras de coleções permanentes em museus.
A exposição tem um foco na arte figurativa, o que reflete a história da coleção e os interesses de Lina e Pietro, que resistiram à hegemonia predominante da tradição abstrata no Brasil nas décadas de 1940 e 1950. Ambos preocupavam-se com os efeitos despolitizadores da abstração, durante a promoção da abstração geométrica realizada pelos Estados Unidos em sua “política de boa vizinhança” durante a Guerra Fria.
A exposição inclui também obras de artistas frequentemente excluídos do cânone brasileiro da história da arte — como Agostinho Batista de Freitas, Djanira, José Antônio da Silva e Maria Auxiliadora —, evidenciando o compromisso do MASP com a diversidade e a multiplicidade. O único trabalho do século 21 na mostra, Tempo suspenso de um estado provisório (2008), de Marcelo Cidade, transforma o cavalete de cristal em um objeto de reflexão institucional. Sua presença também sinaliza o desejo do museu de retomar o diálogo com a arte contemporânea em nossa pinacoteca.
Local: 2º andar do MASP
Endereço: Av. Paulista, 1578, São Paulo, SP
Tel.: (11) 3149-5959
Horários: terça a domingo: das 10h às 18h (bilheteria aberta até 17h30); quinta-feira: das 10h às 20h (bilheteria até 19h30)
Ingressos: R$ 25,00 e R$ 12,00 (meia-entrada)
O MASP tem entrada gratuita às terças-feiras, durante o dia todo (10h às 18h).